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Eu

O meu nome é Teresa, tenho 33 anos, e desde que me lembro que tenho excesso de peso. É engraçado começar a minha descrição assim. Podia dizer que sou licenciada em Psicologia, que estou a tirar uma segunda licenciatura em Estudos Portugueses, que quero ser professora e, que, para isso, vou tentar entrar, já no próximo ano lectivo, no Mestrado em Ensino do Português e Línguas Clássicas, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Faculdade Nova de Lisboa, mas não. O que me ocorre dizer primeiro é que tenho excesso de peso. Talvez porque, desde muita nova, isso sempre me definiu. Nunca fui daquelas pessoas gordinhas sem complexos, que vivem bem com isso e são as pessoas mais bem dispostas dos grupos sociais. Não me entendam mal; não sou uma pessoa rezingona nem zangada. Considero-me, antes pelo contrário, simpática, comunicativa e até extrovertida, embora extremamente reservada. Gosto muito de rir e conversar, mas, aquilo que realmente importa e me define, não conto a todas as pessoas. Conto até a muito poucas, na verdade.

Bem, mas voltando ao excesso de peso, que é aquilo que nos traz aqui: lembro-me de, aos 11/12 anos, já ser gordinha e sentir que nunca nenhum rapaz se ia interessar por mim. Sei hoje que o meu pai, de quem gosto muito, nunca me soube transmitir a confiança necessária de que precisava para me sentir segura enquanto mulher. Não o culpo, uma vez que sei que ele me adora, mas, de facto, essa confiança e segurança ter-me-iam feito bem e fizeram-me alguma falta.

Adiante. Lembro-me de fazer a minha primeira dieta a sério aos 17 anos. Tinha 95 quilos, na altura, para o meu 1,64 metros e, em pouco mais de um mês, sem ajudas externas e sem comprimidos, apenas com alimentação e exercício físico, perdi cerca de nove quilos. Fiquei muito melhor do que estava e vesti, pela primeira vez, um biquini. Mas não perdi mais do que esses nove quilos que, a pouco e pouco foram voltando.

E, desde aí, a minha vida tem sido um sem fim de dietas, e de alturas em que como o que me apetece sem me importar com mais nada, de perdas e ganhos de peso, de alegrias por estar mais magra e de frustrações porque engordei. Andei na Clínica Persona, experimentei a herbalife, fiz a dieta da LEV, a dos ovos cozidos e dos espinafres, a da sopa, e muitas outras de que agora não me lembro. E isto durou até há muito pouco tempo. Podia dizer que tive duas relações importantes e bastante destrutivas, por diferentes motivos, que me fizeram andar nestas oscilações constantes de peso, mas não é essa a verdade. A culpa do meu peso ter sido sempre excessivo é minha. Se há factores externos que ajudaram a que isso acontecesse? Claro que há. Muitos. Mas não podemos, apenas, responsabilizar os outros pelo mal que fazemos ao nosso corpo sempre que dizemos "apetece-me tanto" ou "é só hoje" ou ainda "eu mereço", "não quero saber", "estou-me a lixar", "não é um gelado que me vai engordar", "começo a dieta amanhã/na segunda-feira". A responsabilidade, em última instância, é nossa e apenas nossa. Porque o corpo e a saúde são nossos. Os quilos, que ganhamos e perdemos constantemente, são nossos. A pele, que vai ficando mais e mais flácida a cada perda e novo ganho de peso, é nossa. E nós é que vivemos connosco, no nosso corpo e dentro da nossa pele. E, por isso, nós é que temos de cuidar de nós. Por muito que o ambiente à nossa volta nos seja desfavorável. Sem querer adoptar uma atitude pessimista, todos temos problemas. E temos de aprender a lidar com eles. Porque, comer para compensar, vai criar apenas mais um problema: ficarmos com menos saúde, engordarmos e, depois, zangarmo-nos connosco e comermos ainda mais para aliviar esssa frustração. Não é esse o caminho.

O caminho é parar, respirar fundo, olhar em volta, perceber o que está errado, e, aos poucos, tentar melhorar, começando por nos melhorarmos a nós, e isso passa, em grande parte, por melhorarmos a atenção que damos ao nossos corpo. O nosso corpo é a nossa casa, o sítio onde vivemos a nossa vida. E, por isso, temos de cuidar bem dele.

Foi por isto que, há uns meses, comecei a mudar. Comecei a ler artigos sobre nutrição, comecei a fazer as pazes comigo e com o meu corpo, comecei a perceber o que realmente quero para mim. E, se sempre achei que sabia o que queria, a verdade é que estava a querer começar a construção da casa pelo tecto. Estava a esquecer-me dos alicerces. Estava a esquecer-me de cuidar de mim. E, quando percebi isso, comecei, aos poucos, a mudar. Mas, curiosamente, não comecei nenhuma nova dieta. Percebi que as dietas fazem muito pouco por nós. O que fiz foi mudar toda a minha alimentação. Cortei nos produtos processados que, muitas vezes, os nutricionistas nos mandam comer para enganar a fome (coca-cola zero, adoçantes artificiais, gelatinas light) e comecei a comer alimentos naturais, integrais, o menos processados possível (aveia, arroz e massa integrais, quinoa, peixe e marisco selvagem, legumes e frutas, leites e natas de origem vegetal). Desde o dia 25 de Março até hoje já perdi 9 quilos, não me sinto em dieta, não tenho vontade de comer coisas que me fazem mal, sinto-me, pela primeira vez em muito tempo, bem comigo e começo a gostar daquilo que vejo reflectido no espelho. Sou seguida por uma nutricionista que adoro (Dra. Carla Ferreira, da Clínica do Tempo da Parede), mas, sem desprimor para ela, que é uma excelente profissional, as principais mudanças que fiz têm sido baseadas em descobertas que tenho feito sozinha.

Criei este blogue porque quero partilhar com todos aqueles que me quiserem ler esta minha viagem, em busca de mim mesma, que passa por perder peso e adoptar uma alimentação o mais saudável e saborosa possível. Aqui vou partilhar as minhas receitas, as minhas compras, a evolução do meu peso e as minhas descobertas no que diz respeito à alimentação e ao exercício. Podem acompanhar-me através do blogue, do instagram, do facebook, do tumblr e do pinterestTodos os dias vou tentar publicar alguns conteúdos nestas páginas. E podem sempre enviar-me um email.

11 comentários:

  1. Amei, Teresa! Se já gostava de ti, agora fiquei a gostar ainda mais! :)

    És uma lutadora e sei que vais conseguir, a seu tempo, a chegares onde tanto desejas... quer pessoal, quer profissionalmente. Porque tudo tem o seu tempo para acontecer...e o teu é agora :)

    Desejo-te a maior sorte do mundo nesta nova aventura que iniciaste. Sei que vais encontrar pessoas fantásticas pelo caminho e viver situações que nunca sonhaste viver :) as quais, aliadas a uma vida saudável, te farão ser tu própria e sentir bem com as mudanças que promoveste em prol do teu bem-estar! Falo por experiência própria! ;)

    Que comece a aventura! :) Estou aqui para te acompanhar!

    Beijinho muito grande

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    1. Obrigada pelas tuas palavras querida Carla. E tu já és uma das pessoas fantásticas que este caminho me trouxe, sem dúvida alguma. Um beijinho enorme

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  2. Parabéns querida, o blog está lindo e você também como sempre independente do peso, sabes que sempre torci imenso por ti e fico feliz em saber que agora finalmente estás a fazer as coisas pelo motivo certo, para te sentires feliz.
    No que precisares sabes sempre que podes contar comigo.
    Beijinhos,
    Raquel Mazzeo

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  3. Minha querida Raquel,

    Muito obrigada por este comentário :) tu também podes contar sempre comigo.

    Um beijinho muito grande

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  4. Gostava tanto, mas tanto de ter essa força de vontade... :(

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    1. Sílvia,

      Um dia é o dia. Eu também senti isso durante anos. Acabava sempre por voltar ao mesmo. Até que me fartei de andar sempre a fazer mal a mim própria e percebi que a saúde é o mais importante. Claro que, ao mesmo tempo, percebi que comer de forma saudável pode ser muito saboroso. Alguma coisa que precises, estou sempre aqui.

      Beijinhos

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    2. Obrigado Teresa, pelas suas palavras.
      Não é nada fácil gerir todas as coisas: falta de motivação, o excesso de peso que nos entristece (e daí me faz fazer mais asneiras), a falta de tempo (ou excesso de desculpas?), casa, filhos... desculpas e mais desculpas, eu sei... mas falta-me A vontade que me faça mudar, de uma vez por todas...
      Obrigado pela sua partilha e pela sua experiência.

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  5. OLa =) adorei o texto e até uma lagrima me veio aos olhos, pois me revi em algumas partes na tua história. Desde sempre tive problemas de peso e faltou-me a auto esima, pois o lado familiar é importante e faltou-me =( mas hoje rescrevo a minha história. também fiz dietas que depois voltava a ganhar mas agora tento ter uma alimentação saudavel. Ao contrario de ti sinto vontade de comer coisas mais apetitosas. Mas tento guardar esse dia para o sabado (que é o dia em que me permito comer alguma asneira). Por exemplo ando a imenso a apetecer uma francesinha mas adio smp para o mês que vem.lol
    adorei o teu blog e vou seguir smp smp =D Força e mt sorte na vida Beijo

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    1. Olá Joana :)
      Ainda bem que gostaste do texto.
      Eu, de facto, é raro apetecerem-me coisas apetitosas. Não sei explicar porquê, eu tinha constantemente cravings, anteriormente. O que sei é que o que como actualmente me dá um prazer enorme. Talvez seja isso. E, também, passei a olhar para a comida de outra forma: agora vejo nutrientes. E já me custa comer algo que sei que não me irá fazer bem.

      Beijinhos

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  6. "Estava a esquecer-me de cuidar de mim. E, quando percebi isso, comecei, aos poucos, a mudar." ...Concordo em absoluto com estas palavras....se não quisermos ...se não nos considerarmos suficientemente importantes ou mesmo dignas para "nos cuidarmos"....nada muda...e nada resulta ... Só ai começa a verdadeira viagem .... Beijinhosssss

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    1. Olá Paula,

      É mesmo verdade. Muitas pessoas acham que vão gostar mais delas quando emagrecerem, mas o processo é exactamente o contrário. Primeiro temos de gostar de nós, de nos colocar em primeiro lugar, de querer daro melhor a nós próprias. Só depois conseguimos mesmo mudar a sério.

      Beijinhos

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